Não sei exatamente quando conheci ou descobri Bandeira, mas sei que isso aconteceu há muito, muito tempo, e que a poesia dele mudou a minha maneira de ver a vida - mudou a minha vida. Estrela da (minha) vida inteira, Bandeira me fez antever, constatar, confirmar ou consolidar sentimentos que, inexoráveis, os encontros e desencontros vicissitudinários se encarregaram de me apresentar: o da admissão do próprio fracasso ("Andorinha, Andorinha, minha cantiga é mais triste! / Passei a vida à toa, à toa!"), o da absoluta impotência diante do sofrimento do ser amado ("Ah se em troca de tanta felicidade que dás / Eu te pudesse repor / -Eu soubesse repor- / No coração despedaçado / As mais puras alegrias de tua infância!") e, sobretudo, o da aguda consciência da miséria humana ("Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem finalidade / Que a vida é traição").
Sou dos que creem que os poetas são seres eleitos pelos deuses para traduzir a alma de um povo ou a própria essência da alma humana. Bandeira é um deles. Em poemas muitas vezes curtos, pequenos, o grande Poeta expõe gotas sintéticas e densas, muito densas. Nas páginas dessa obra, o leitor encontrará boa parte dessas pequenas maravilhas que a pena de Bandeira lavrou.
(Pasquale Cipro Neto)
Capa: Sem rabiscos ou manchas.
Páginas: Sem rabiscos ou manchas.
Condição: Usado